Os países latino americanos e a convenção açucareira de Bruxelas de 1902
DOI:
https://doi.org/10.70198/t.352Resumen
O rápido desenvolvimento da produção
de açúcar de beterraba no início dos oi
tocentos introduziu de forma permanente
no mundo açucareiro novos ofertantes de
matéria-prima e de produto: os agriculto
res europeus e os produtores europeus
de açúcar bruto. Além disso, reforçou a
importância econômica e política dos re
finadores europeus, que passaram a dis
por de dois mercados fornecedores com
características agrícolas, industriais e ins
titucionais bem distintas, o açúcar bruto
de cana e o de beterraba. Todos os go
vernos buscaram tirar máximo proveito
fiscal dessas novas atividades econômicas
e incentivar suas economias domésticas.
Após meio século de crescentes custos
para as finanças nacionais e para seus
produtores domésticos, vários países eu
ropeus, pressionados pelo Reino Unido,
adotaram em 1902 a Convenção de Bru
xelas, que estabeleceu controles e pena
lidades sobre os subsídios à exportação
de açúcar. Este texto procura mostrar,
a partir do exame dos principais fluxos
do comércio internacional do açúcar en
tre 1880 e 1914, como as penalizações
alfandegárias impostas por este acordo
tiveram pouca influência sobre as ex
portações dos países latino americanos,
que, mesmo participando ativamente do
mercado mundial, tiveram seus fluxos
comerciais mais influenciados por suas
próprias dinâmicas internas do que pelo
fato de terem sido penalizados ou não em
decorrência das regras da Convenção de
Bruxelas.